Neste artigo vamos discutir a intrigante mec\u00e2nica do iliopsoas, seus esquemas de compensa\u00e7\u00f5es mais comuns, e nossos principais equ\u00edvocos durante a pratica do Pilates ligados a esse apaixonante m\u00fasculo.<\/p>\n\n\n\n
O m\u00fasculo iliopsoas se divide em tr\u00eas importantes por\u00e7\u00f5es:<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 um m\u00fasculo plano e triangular que est\u00e1 situado na fossa il\u00edaca e \u00e9 recoberto parcialmente pelo m\u00fasculo psoas.<\/p>\n\n\n\n
Este m\u00fasculo origina-se na fossa il\u00edaca e na espinha il\u00edaca \u00e2ntero-inferior, e em seu direcionamento de fibras segue paralelo ao psoas maior, para baixo e para frente, na altura da articula\u00e7\u00e3o coxo femoral.<\/p>\n\n\n\n
Transmuta sua dire\u00e7\u00e3o, dirigindo-se obliquamente para baixo, para fora e para tr\u00e1s, para se inserir no trocanter menor e na linha \u00e1spera, realizando assim, em sua a\u00e7\u00e3o a flex\u00e3o do quadril e rota\u00e7\u00e3o lateral da coxa<\/p>\n\n\n\n
Um m\u00fasculo volumoso e fusiforme.<\/p>\n\n\n\n
Est\u00e1 situado ao lado da coluna lombar e na face posterior da cavidade abdominal.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 composto por duas por\u00e7\u00f5es, que tamb\u00e9m podem ser consideradas como m\u00fasculos individuais.<\/p>\n\n\n\n
A maior por\u00e7\u00e3o recebe o nome de Psoas Maior, que tem por origem os corpos vertebrais de T12 \u00e1 L4 e processos costais de L1 \u00e1 L4.<\/p>\n\n\n\n
O trajeto de seus feixes musculares segue para baixo, para fora e para a frente, j\u00e1 o seu tend\u00e3o curva-se na regi\u00e3o anterior da articula\u00e7\u00e3o coxofemoral e dirige-se para baixo, para fora e para tr\u00e1s para inserir-se no trocanter menor.<\/p>\n\n\n\n
Em sua a\u00e7\u00e3o, realiza a flex\u00e3o e extens\u00e3o da coluna lombar; flex\u00e3o e rota\u00e7\u00e3o lateral da coxa.<\/p>\n\n\n\n
A menor por\u00e7\u00e3o do psoas recebe o nome de Psoas Menor.<\/p>\n\n\n\n
Esta por\u00e7\u00e3o menor geralmente est\u00e1 ausente, n\u00e3o sabemos exatamente o porqu\u00ea.<\/p>\n\n\n\n
Apesar da literatura anat\u00f4mica classificar o iliopsoas como um potente flexor e adutor do quadril, quero aqui discutir algumas quest\u00f5es \u00fanicas e pitorescas desse complexo m\u00fasculo.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Philip J. Raschi, o mesmo pode ter uma a\u00e7\u00e3o paradoxal.<\/p>\n\n\n\n
O paradoxo discutido e a invers\u00e3o da fun\u00e7\u00e3o do m\u00fasculo iliopsoas, quando em exerc\u00edcios abdominais com os membros inferiores estendidos e elevados, as v\u00e9rtebras lombares s\u00e3o tracionadas para frente e para baixo pela contra\u00e7\u00e3o do psoas.<\/p>\n\n\n\n
Por\u00e9m, se os m\u00fasculos do abd\u00f4men estiverem fortes, eles evitar\u00e3o a inclina\u00e7\u00e3o anterior da pelve.<\/p>\n\n\n\n
Sendo assim, as v\u00e9rtebras lombares n\u00e3o ser\u00e3o hiperestendidas.<\/p>\n\n\n\n
O mesmo acontecer\u00e1 quando realizamos um exerc\u00edcio abdominal com os joelhos flexionados e os p\u00e9s apoiados ao solo: o bra\u00e7o de alavanca do m\u00fasculo iliopsoas estar\u00e1 bruscamente diminu\u00eddo.<\/p>\n\n\n\n
Para entendermos a a\u00e7\u00e3o paradoxal do iliopsoas, faremos uma breve, mas fundamental, revis\u00e3o anat\u00f4mica.<\/p>\n\n\n\n
O m\u00fasculo iliopsoas tem um formato em leque com suas origens distantes.<\/p>\n\n\n\n
Isto nos diz que sua forma\u00e7\u00e3o tem, por fun\u00e7\u00e3o, direcionar as for\u00e7as do m\u00fasculo iliopsoas em seu tend\u00e3o, fazendo do quadril seu ponto fixo.<\/p>\n\n\n\n
Essa disposi\u00e7\u00e3o \u00e9 important\u00edssima para diminuir a forca de contra\u00e7\u00e3o desse potente m\u00fasculo em sua origem, na regi\u00e3o lombar.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Vladimir Janda, cadeista polon\u00eas descreveu a S\u00edndrome Cruzada Inferior, o aumento da lordose lombar pode ser ativada atrav\u00e9s de uma inclina\u00e7\u00e3o da pelve anteriormente.<\/p>\n\n\n\n
Isso ocorre por um desequil\u00edbrio muscular, onde os m\u00fasculos abdominais e gl\u00fateo m\u00e1ximo estar\u00e3o fracos, em conjunto, com o encurtamento ou aumento de tens\u00e3o dos m\u00fasculos extensores lombares e flexores do quadril.<\/p>\n\n\n\n
A esse conjunto de altera\u00e7\u00f5es mec\u00e2nicas, Key, em 2008, deu o nome de S\u00edndrome P\u00e9lvica Cruzada Posterior (SPCP).<\/p>\n\n\n\n
Ou seja, os flexores do quadril estar\u00e3o: hiperativos, encurtados ou em tens\u00e3o excessiva; juntamente com o aumento de atividade, encurtamento ou tens\u00e3o excessiva dos extensores do quadril.<\/p>\n\n\n\n
No caso de um apagamento da curvatura lombar, a pelve estar\u00e1 inclinada posteriormente, retificando, portanto, a coluna lombar.<\/p>\n\n\n\n
Ser\u00e1 gerada por um padr\u00e3o muscular em oposi\u00e7\u00e3o onde: os m\u00fasculos abdominais e gl\u00fateo m\u00e1ximo estar\u00e3o hiperativados, encurtados, ou ainda, em tens\u00e3o excessiva, em concomit\u00e2ncia com a fraqueza ou hipoativac\u00e3o dos m\u00fasculos extensores lombares e flexores de quadril, S\u00edndrome P\u00e9lvica Cruzada Anterior (SPCA).<\/p>\n\n\n\n
Essas altera\u00e7\u00f5es mec\u00e2nicas gerar\u00e3o desequil\u00edbrios em L4-L5 e L5-S1, al\u00e9m de altera\u00e7\u00f5es na sacro il\u00edaca.<\/p>\n\n\n\n
Por isso, sempre oriento meus alunos de forma\u00e7\u00e3o que, uma vez diante de uma dor lombar, a pelve dever\u00e1 ser a primeira a ser investigada.<\/p>\n\n\n\n
Na teoria de Leopold Busquet, a a\u00e7\u00e3o principal do iliopsoas \u00e9 a de realizar a cifose lombar.<\/p>\n\n\n\n
Isso porque, em cifose lombar, as v\u00e9rtebras lombares formam um arco romano.<\/p>\n\n\n\n
Quanto mais a tens\u00e3o sobre as v\u00e9rtebras forem maiores, mais essa tens\u00e3o muscular do iliopsoas estar\u00e1 aumentada, alimentando essa tens\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Dessa forma, aproximar\u00e1 as origens do iliopsoas, igualando o comprimento de suas fibras musculares e aumentando sua forca de contra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Como ele \u00e9 um flexor da articula\u00e7\u00e3o do quadril, faz parte da cadeia muscular de flex\u00e3o do tronco (retos abdominais).<\/p>\n\n\n\n
Portanto, funcionando em conjunto, a cadeia de flex\u00e3o do troco ser\u00e1 um cifosante lombar.<\/p>\n\n\n\n
Essa combina\u00e7\u00e3o mec\u00e2nica ser\u00e1 complementada pelas cadeias musculares cruzadas posteriores, j\u00e1 que n\u00e3o podemos esquecer da fun\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m rotat\u00f3ria do m\u00fasculo iliopsoas.<\/p>\n\n\n\n
O m\u00fasculo grande dorsal tamb\u00e9m \u00e9 muito interessante, e realizada de forma oposta, pois pode anular a forte tra\u00e7\u00e3o em rota\u00e7\u00e3o realizada pelo m\u00fasculo iliopsoas.<\/p>\n\n\n\n
Esse padr\u00e3o muscular conjunto potencializar\u00e1 a estabilidade do tronco, prevenindo les\u00f5es na coluna lombar na din\u00e2mica.<\/p>\n\n\n\n
Durante o ciclo da marcha, o m\u00fasculo iliopsoas tem a fun\u00e7\u00e3o de desacelerar a extens\u00e3o do quadril, atenuando o impacto na fase de balan\u00e7o da marcha.<\/p>\n\n\n\n
Por\u00e9m, em contrapartida, aumenta a tens\u00e3o da panturrilha do lado homolateral.<\/p>\n\n\n\n
Isso porque os m\u00fasculos da panturrilha, com esse aumento de tens\u00e3o, reduz a dorsiflex\u00e3o do tornozelo, pois, uma vez tenso, o iliopsoas n\u00e3o permitir\u00e1 uma extens\u00e3o efetiva do quadril.<\/p>\n\n\n\n
Por isso, encurta assim os m\u00fasculos da panturrilha, alterando a fase de apoio da marcha e o contato de p\u00e9 ao solo.<\/p>\n\n\n\n
A tens\u00e3o do iliopsoas durante a marcha diminuir\u00e1 a dissocia\u00e7\u00e3o das cinturas, reduzindo a rota\u00e7\u00e3o do tronco para o lado oposto.<\/p>\n\n\n\n
Isso ir\u00e1 gerar tens\u00f5es, que alimentar\u00e3o a cadeia muscular cruzada de flex\u00e3o do tronco do lado em que a rota\u00e7\u00e3o gerada na dissocia\u00e7\u00e3o das cinturas estiver limitada.<\/p>\n\n\n\n
Durante a marcha, o iliopsoas tem ainda a fun\u00e7\u00e3o de diminuir a rota\u00e7\u00e3o interna do f\u00eamur na fase de apoio.<\/p>\n\n\n\n
Basta analisarmos as origens do iliopsoas para entendermos que sua conex\u00e3o com o tronco e clara, tem pilares saindo de T12 at\u00e9 L4.<\/p>\n\n\n\n
Por seu torque de forca ser muito potente, o m\u00fasculo iliopsoas pode estender a coluna, podendo gerar padr\u00f5es disfuncionais e dores lombares.<\/p>\n\n\n\n
Por\u00e9m, devo aqui lembrar que o iliopsoas em excesso de tens\u00e3o tamb\u00e9m poder\u00e1 flexionar a coluna lombar, de acordo com a cadeia muscular que estar\u00e1 em solidariedade de transmiss\u00e3o de contra\u00e7\u00e3o tensional.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m desse fator, o iliopsoas em tens\u00e3o distal e unilateral, tamb\u00e9m realizar\u00e1 a inclina\u00e7\u00e3o da coluna lombar e elevar a asa il\u00edaca no lado tenso, atuando em solidariedade com os m\u00fasculos il\u00edacos, quadrado lombar, il\u00edaco, obturadores, grande dorsal e diafragma.<\/p>\n\n\n\n
Pode ser o m\u00fasculo chave para o desencadeamento de uma escoliose de origem ascendente.<\/p>\n\n\n\n
Como vimos, mecanicamente o m\u00fasculo iliopsoas \u00e9 um m\u00fasculo ainda intrigante, e sempre t\u00f3pico de muitas discuss\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n