Por acaso voc\u00ea j\u00e1 ouviu falar em dor visceral referida? Muitos fisioterapeutas ou ignoram o termo ou esquecem que ele existe em sua pr\u00e1tica cl\u00ednica. Se n\u00f3s, profissionais do movimento, esquecemos dele, imagine nossos pacientes. Afinal de contas, eles s\u00e3o incapazes de identificar se o que est\u00e3o sentindo \u00e9 dor visceral referida ou uma dor articular qualquer. Por isso, cabe a n\u00f3s conhecermos e compreendermos essa dor para melhor diagnostic\u00e1-la.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 exatamente por esse motivo que a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED) realizou uma revis\u00e3o da literatura sobre o tema primeiramente em 2013. Posteriormente, em 2015, a mesma sociedade realizou uma atualiza\u00e7\u00e3o de seu estudo que nos trouxe importantes insights e observa\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n
Nas revis\u00f5es, foram utilizados artigos das principais bases de dados m\u00e9dicas, como PUBMED, EMBASE e LILACS. Portanto, conseguimos ter uma vis\u00e3o geral bastante ampla a respeito da dor referida visceral e suas consequ\u00eancias.<\/p>\n\n\n\n
Ok, j\u00e1 deu para entender que estamos lidando com um conte\u00fado relevante e extremamente completo sobre dor visceral. Dessa forma, vamos direto ao assunto: o que exatamente \u00e9 essa dor?<\/p>\n\n\n\n
Basicamente, a dor visceral \u00e9 aquela que tem origem nos \u00f3rg\u00e3os internos. Portanto, para ser considerada cr\u00f4nica ela precisa ter dura\u00e7\u00e3o superior a 3 meses, al\u00e9m de apresentar sintomas relacionados \u00e0 v\u00edscera afetada. Mas n\u00e3o devem existir sintomas que correlacionam com les\u00e3o tecidual.<\/p>\n\n\n\n
Primeiramente, falaremos dos sintomas, que incluem:<\/p>\n\n\n\n
Esse tipo de problema \u00e9 localizado na regi\u00e3o abdominal ou tor\u00e1cica <\/a>dependendo da v\u00edscera causadora. J\u00e1 que ela pode ser referida, o diagn\u00f3stico torna-se mais complicado, especialmente nos casos cr\u00f4nicos de maior dura\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Anteriormente de come\u00e7ar a falar definitivamente da dor visceral, precisamos diferenciar dois termos comumente confundidos: a dor visceral cr\u00f4nica funcional e desordens gastrintestinais funcionais. Dessa forma, o primeiro tipo de dor \u00e9 claramente originado de v\u00edsceras (\u00f3rg\u00e3os internos). Ele pode, por exemplo, ter origem em:<\/p>\n\n\n\n Chamamos a dor visceral cr\u00f4nica de funcional por causa da aus\u00eancia de anormalidades estruturais ou teciduais. J\u00e1 as desordens gastrintestinais s\u00e3o, como o nome indica, desordens do sistema digest\u00f3rio sem altera\u00e7\u00f5es teciduais ou estruturais, mas com sintomas cl\u00ednicos.<\/p>\n\n\n\n Um paciente com dor referida visceral pode ser identificado atrav\u00e9s de seus sintomas e de uma avalia\u00e7\u00e3o detalhada. Tais sintomas incluem:<\/p>\n\n\n\n Um pequeno detalhe que precisamos acrescentar aqui: nem todas as v\u00edsceras s\u00e3o capazes de provocar o problema. Al\u00e9m disso, alguns \u00f3rg\u00e3os s\u00f3lidos, como os rins e f\u00edgado, n\u00e3o s\u00e3o sens\u00edveis \u00e1 dor.Portanto, mesmo que identifiquemos um caso de dor visceral, isso n\u00e3o \u00e9 sin\u00f4nimo de les\u00e3o na v\u00edscera. \u00c9 poss\u00edvel que um est\u00edmulo de baixo limiar provoque a rea\u00e7\u00e3o. Ou seja, precisamos de uma melhor investiga\u00e7\u00e3o do paciente e seu hist\u00f3rico cl\u00ednico para identificar a verdadeira causa.<\/p>\n\n\n\n Ainda assim existe alguns tipos de dor referida visceral mais comuns que costumamos encontrar em nossa pr\u00e1tica profissional. Nesse artigo mencionarei alguns deles para melhorar o conhecimento.<\/p>\n\n\n\n Um estudo canadense realizado com mais de 2.000 pacientes identificou que a dor visceral correspondia a cerca de 5,4% da amostra pesquisada. Entre os 128 pacientes diagnosticados com esse tipo de dor, os diagn\u00f3sticos foram de:<\/p>\n\n\n\n A dor atingiu indiv\u00edduos com 44 anos de idade em m\u00e9dia e esteve associada com frequ\u00eancia a sintomas depressivos e de dist\u00farbios psicol\u00f3gicos e psiqui\u00e1tricos. Ainda assim, entre essas patologias quero dar destaque \u00e0 SII, por ser um exemplo interessante de como a dor atua.<\/p>\n\n\n\n As dores abdominais acometem com maior frequ\u00eancia as mulheres <\/a>e geralmente vem associada a sintomas de ansiedade, depress\u00e3o e estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico. Veremos mais \u00e0 frente que a presen\u00e7a de doen\u00e7as psicol\u00f3gicas e psiqui\u00e1tricas n\u00e3o \u00e9 uma mera coincid\u00eancia. Al\u00e9m disso, a s\u00edndrome do intestino irrit\u00e1vel \u00e9 bastante comum. Estima-se que sua preval\u00eancia global seja de 11%.<\/p>\n\n\n\n Os fatores de risco para o desenvolvimento da patologia incluem:<\/p>\n\n\n\n Al\u00e9m disso, os indiv\u00edduos com s\u00edndrome do intestino irrit\u00e1vel podem apresentar os seguintes sintomas:<\/p>\n\n\n\n Esses sintomas podem surgir como uma resposta do organismo ao estresse e \u00e0 intera\u00e7\u00e3o entre a percep\u00e7\u00e3o visceral e motilidade do intestino. Dessa forma, o corpo sofre com altera\u00e7\u00e3o nos receptores de serotonina e redu\u00e7\u00e3o de subst\u00e2ncia cinzenta do c\u00f3rtex cingulado anterior e insular.<\/p>\n\n\n\n A dor em pacientes com SII pode ser provocada pela hipersensibilidade originada no transtorno de ansiedade. Os fatores psicol\u00f3gicos contribuem para a percep\u00e7\u00e3o de sensa\u00e7\u00f5es dolorosas nesses pacientes. Portanto, quando tratamos de um indiv\u00edduo com dor, com frequ\u00eancia precisamos de um trabalho conjunto com outros profissionais para tratar o lado psicol\u00f3gico da patologia.<\/p>\n\n\n\n Al\u00e9m de tudo que falamos, estudos indicam que nossa queridinha dos consult\u00f3rios de fisioterapia pode estar relacionada \u00e0 dor visceral<\/a>. Em uma an\u00e1lise com 2.974 pacientes com dor lombar<\/a>, 19,6% deles tamb\u00e9m relataram dor no peito, abd\u00f4men ou virilha. Ainda mais, apresentaram evid\u00eancias de dor referida visceral, e tinham n\u00edveis maiores de dor e incapacidade funcional. Mas eles n\u00e3o tiveram pior recupera\u00e7\u00e3o da lombalgia.<\/p>\n\n\n\n Frequentemente encontramos a dor visceral relacionada a outras patologias. Fiz uma lista resumida desses casos para que voc\u00ea possa ficar atento \u00e0 eles:<\/p>\n\n\n\n Agora quero dedicar algumas linhas para responder a quest\u00e3o t\u00edtulo desse artigo. Por que devemos conhecer esse tipo de dor? \u00c9 uma pergunta pertinente, especialmente porque a dor visceral est\u00e1 relacionada a patologias e les\u00f5es das v\u00edsceras e problemas psicol\u00f3gicos. Mas ela n\u00e3o est\u00e1 desconectada da nossa \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n Muitas vezes o verdadeiro problema do nosso paciente est\u00e1 relacionado \u00e0 v\u00edscera. Portanto, precisamos lembrar que o corpo est\u00e1 sempre em busca de conforto visceral, para isso ele chega ao extremo de realizar altera\u00e7\u00f5es musculoesquel\u00e9ticas que causam dor. Portanto, precisamos conhecer e entender a dor visceral para conseguir realizar um diagn\u00f3stico e tratamento mais eficiente.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Sabia que algumas vezes o problema do aluno n\u00e3o \u00e9 muscular ou articular? A dor visceral referida \u00e9 um problema comum, conhe\u00e7a.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":1774,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"site-sidebar-layout":"default","site-content-layout":"default","ast-site-content-layout":"","site-content-style":"default","site-sidebar-style":"default","ast-global-header-display":"","ast-banner-title-visibility":"","ast-main-header-display":"","ast-hfb-above-header-display":"","ast-hfb-below-header-display":"","ast-hfb-mobile-header-display":"","site-post-title":"","ast-breadcrumbs-content":"","ast-featured-img":"","footer-sml-layout":"","theme-transparent-header-meta":"default","adv-header-id-meta":"","stick-header-meta":"","header-above-stick-meta":"","header-main-stick-meta":"","header-below-stick-meta":"","astra-migrate-meta-layouts":"default","ast-page-background-enabled":"default","ast-page-background-meta":{"desktop":{"background-color":"","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"tablet":{"background-color":"","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"mobile":{"background-color":"","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""}},"ast-content-background-meta":{"desktop":{"background-color":"var(--ast-global-color-5)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"tablet":{"background-color":"var(--ast-global-color-5)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"mobile":{"background-color":"var(--ast-global-color-5)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""}},"footnotes":""},"categories":[43],"tags":[],"yoast_head":"\nDor visceral cr\u00f4nica funcional (DVCF) vs. desordens gastrintestinais funcionais (DGIF)<\/strong><\/h3>\n\n\n\n
Sintomas da dor visceral referida<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Dor abdominal cr\u00f4nica e s\u00edndrome do intestino irrit\u00e1vel<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Fatores de risco da dor referida visceral<\/strong><\/h3>\n\n\n\n
Lombalgia<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Patologias relacionadas \u00e0 dor referida visceral<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
Conclus\u00e3o<\/strong><\/h2>\n\n\n\n