A Metodologia Hipopressiva (M❤️H) é muito mais do que uma técnica para gerar a tão famosa barriga negativa, é também uma maneira de prevenção e reabilitação para a ativação da faixa abdominal.
Através dos estímulos somático-sensoriais, o conceito MH busca proporcionar a melhora: postural, respiratória, sexual e metabólica, propiciando a normalização das pressões corporais internas e produzindo melhorias corporais a fim de gerar melhor qualidade de vida.
Esse conceito transita a nível sistêmico, a qual todos sistemas são alimentados pelo conjunto de células que cumprem funções especificas, porém estão todos interligados pelo tecido conjuntivo, a fáscia.
Contudo, existem diversos mitos em torno da Metodologia Hipopressiva que geram dúvidas nos profissionais e praticantes. Pensando nisso, preparei um texto para desmistificar e esclarecer todos os conceitos.
Continue lendo esta matéria e confira!
1. A Metodologia Hipopressiva é capaz de gerar a tão sonhada barriga definida ou negativa?
Sim e não. Primeiro preciso deixar claro que para ter um abdômen definido é imprescindível uma alimentação correta.
Eu diria que 80% do processo se dá por uma dieta de baixa ingestão de gorduras, ou seja, o indivíduo deve possuir um baixo índice de massa gorda corporal. Porém, se esse indivíduo possuir a pressão intracavitária aumentada, se faz necessário normalizar essa pressão a fim de obter o abdômen dos sonhos.
Deste modo, a Metodologia Hipopressiva, através da normalização da pressão intra-abdominal, pode sim ajudar desde que esteja somado à alimentação balanceada.
Além de obter a definição do abdômen, é capaz também de diminuir cerca de 3 a 5 cm, em média, a circunferência abdominal.
A explicação para que isso aconteça é bem simples e segue o princípio físico da Lei da Blaise Pascal, em que diz que um componente líquido hermeticamente fechado (o saco visceral, hoje em dia conhecido como fáscia transversalis) que sofre qualquer variação de pressão será distribuída de forma homogênea por todo conjunto.
Entenda melhor a conformação dos músculos do abdômen:
Músculos do Abdômen
Reto abdominal
O reto abdominal são músculos que ficam à frente do tronco e compõem a camada muscular superficial dos músculos abdominais. Suas fibras são predominantemente vermelhas, porém entrecortadas por áreas não contráteis fasciais.
Esses músculos estão recobertos pela bainha do reto do abdome, cuja função é manter os músculos em sua posição. Ela é formada pelo entrelaçamento da camada bilaminar das fáscias profundas dos seguintes músculos:
- Oblíquo externo;
- Oblíquo interno;
- Transverso do abdômen.
O músculo reto do abdômen é longo e aplanado, recobre toda a face anterior do abdome. Ele é intercedido por faixas fibrotendinosas chamadas interseções tendíneas. Os números dessas interseções variam de pessoa para pessoa.
- Origem: da 5ª a 7ª cartilagens costais, processos xifoides e ligamento costoxifoide;
- Inserção: púbis e sínfise púbica;
- Inervação: sete últimos nervos intercostais;
- Ação: flexão do tronco, comprime o abdome e auxilia a expiração forçada.
Os retos do abdômen são os responsáveis pelo enrolamento da unidade tronco. Eles realizam a elevação do púbis em direção ao umbigo e abaixam o esterno em direção ao umbigo.
Essa nos parece ser uma zona de convergências de forças importantes. Com esse enrolamento indiretamente mobilizaremos a coluna vertebral de forma retificadora em sua região torácica baixa e lombar.
Não raramente, há necessidade de flexibilização desses músculos. A falta de flexibilidade acontece por influências viscerais centrípetas que nos puxam para o enrolamento. Outra opção são nossos atuais hábitos de vida:
- Sedentarismo;
- Predominância das atividades de vida diária para alavancas flexoras, dentre outros.
O que precisamos saber é que são os retos abdominais que ao se contrair empurram as vísceras abdominais para dentro. Portanto, sendo responsáveis por aumentar a pressão intracavitária.
Os músculos largos
São os músculos nas laterais do tronco que se opõe ao longilíneo reto do abdômen, e segundo Balndine, são chamados de músculos largos. São três deles dispostos em camadas:
- Transverso do abdômen
- Oblíquo interno
- Oblíquo externo
Transverso do abdômen
É o músculo mais profundo dentre todos os músculos largos e tem sua origem na:
- Crista ilíaca;
- Fáscia toracolombar;
- 2/3 laterais do ligamento inguinal.
Sua inserção fica nas bordas inferiores das últimas 3 costelas e linha alba estendendo-se inferiormente sobre o ligamento inguinal acompanhando a prega inguinal.
Como vimos na figura, ele é cortado pela frente pela potente linha alba e por trás pela fáscia tóraco lombar. O periódico JOSPT já fala sobre a interdependência dos transversos abdominais há cerca de 15 anos.
Não há fibras musculares do Transverso a frente do umbigo, temos somente todo tecido fascial da linha alba, não contrátil. Além disso, há um engano sobre a contração do Transverso.
Olhemos bem a figura do Transverso. Em suas linhas de tração, origem e inserção, analisemos agora uma contração concêntrica destes músculos.
Esse músculo tem uma atuação importante sobre as vísceras. Ao se contrair ele diminui o diâmetro da cintura, podendo aumentar consideravelmente a pressão intra-abdominal.
Somada a esse aumento de pressão, a ação da alavanca flexora, o Transverso do abdômen é o grande responsável por gerar o aumento da estabilidade do tronco, conhecido como Reflexo Antecipatório Postural, pelo fato de contrair-se 5 miliseg antes de qualquer movimento do tronco, segundo Paul Hodges.
Sua ação também está relacionada às contrações da musculatura lisa:
- Fonação;
- Vômito;
- Tosse;
- Espirro;
- Entre outras.
Ações do transverso e suas fibras
Quando em contração forma uma cintura fininha realizada pelas fibras médias do Transverso que são horizontais.
Suas fibras inferiores são responsáveis pela proteção dos órgãos da pelve menor das diferenças pressóricas ocorridas a todo momento, quando contraídas são responsáveis pelo alargamento das cristas ilíacas.
Já as fibras superiores têm um direcionamento dado para baixo e para fora sendo responsáveis pelo sutil fechamento das costelas. Por ter um ventre e um comprimento muscular pequeno essas fibras não conseguem realizar um grande fechamento das costelas.
E no caso de um diafragma hipertônico, trabalhando em posição baixa, somado a contração dos músculos do abdômen e a força gravitacional empurraram as vísceras para baixo, aumentando a PIA fadigando, assim os músculos perineais.
Alguns autores identificaram um aumento da atividade eletroneuromiografia dos músculos abdominais durante a contração do assoalho pélvico. A contração ocorreu sem qualquer contração da musculatura abdominal.
Existe entre eles uma ação de sincronia, isto é, a contração do músculo abdominal leva a uma contração recíproca do músculo pubococcigeo. Isso estabiliza e mantém o colo vesical na posição retropubica, facilitando a igualdade das pressões transmitidas da cavidade abdominal ao colo vesical e uretra proximal. Essas ações mantém a continência urinária.
A atividade sinérgica entre os Músculos do Assoalho Pélvico e os abdominais possibilita o desenvolvimento de uma pressão de fechamento adequada e importante para manter:
- Continência urinária;
- Continência fecal;
- Pressão no abdômen;
- Suporte aos órgãos pélvicos.
Alguns estudos demonstram que, durante a contração voluntária dos Músculos do Assoalho Pélvico, ocorre uma co-ativação dos músculos transversos abdominais, oblíquo interno, oblíquo externo e reto abdominal. A pressão esfincteriana aumenta com essa ativação.
Um estudo realizado a respeito da sinergia abdômino pélvica diz que aumentos repentinos na pressão intra-abdominal, levam a uma rápida atividade reflexa dos músculos do assoalho pélvico (reflexo guardião).
Deve-se considerar, no entanto, que “o aumento repentino da pressão intra-abdominal”, se causada por uma manobra intrínseca (tosse, por exemplo) incluem a ativação via retroalimentação da musculatura do assoalho pélvico como parte de um complexo padrão de ativação muscular.
Acredita-se que a tosse e o espirro são gerados por um padrão individual dentro do tronco cerebral. Assim, a ativação dos Músculos do Assoalho Pélvico é uma co-ativação prévia, e não primariamente uma reação “reflexa” ao aumento da pressão intra-abdominal.
Porém, além disso, pode haver uma resposta reflexa adicional dos Músculos do Assoalho Pélvico em relação ao aumento da pressão abdominal devido à distensão dos fusos musculares dentro dessa musculatura.
Outros autores também afirmaram que o aumento da pressão de fechamento da uretra e do ânus ocorre imediatamente antes do aumento da pressão intra-abdominal. Nos eventos de tossir e espirrar, o diafragma, os músculos abdominais e o assoalho pélvico são ativados de forma pré-programada pelo sistema nervoso central.
Este fato parece sugerir que a ativação dos músculos do períneo não acontece em resposta ao aumento da pressão intra-abdominal, sendo antes produzida por mecanismos nervosos centrais que podem ser eventualmente regulados pela vontade.
Algumas investigações demonstram que o aumento da PIA precede a contração automática do Assoalho Pélvico. A contração prévia desses músculos antes do aumento intra-abdominal indica que esta resposta é pré-programada.
Oblíquo interno
O oblíquo interno pertence a camada intermediaria dos músculos largos e são dois: direito e esquerdo.
Tem sua origem na:
- Crista ilíaca;
- Fáscia toracolombar;
- Dois terços laterais do ligamento inguinal.
Sua inserção é nas bordas inferiores das últimas 3 costelas e linha alba. Sua ação inclui fletir e rodar o tronco para o mesmo lado. Ele também auxilia na expiração forçada.
Seu direcionamento de fibras tônicas e fásicas circundam a cintura, numa direção para cima e de trás para a frente da pelve até as costelas. Sua ação mais potente está exatamente acima do umbigo e ao se contrair comprimira as vísceras.
Por fim, também reforça a borda do ligamento inguinal contribuindo para a contenção inferior do abdômen.
Oblíquo externo
É um músculo amplo, plano e quadrangular. Mais extenso em sua parte ventral que na parte dorsal.
Recobre a face lateral do abdome com sua porção muscular. Tem a sua origem: da 5° a 12° costelas (bordas inferiores). Sua inserção está na: crista ilíaca, ligamento inguinal e lâmina anterior da bainha do reto abdominal.
Em sua ação: comprime o abdome, flete e roda o tronco para o lado oposto; auxiliando também na expiração forçada. Além disso, os oblíquos externos são capazes de direcionar as vísceras de cima para baixo pelo seu direcionamento de fibras.
Ação dos músculos largos sobre a linha alba
São eles os responsáveis em sua contração simétrica pela diástase pois tracionam a linha alba em sentidos opostos. A contração do Transverso traciona a linha alba num direcionamento horizontal, por sua disposição de fibras.
O oblíquo externo afasta a linha alba obliquamente em sua região superior para baixo e para fora da linha alba. E o obliquo interno atua na região infra umbilical tracionando a linha alba num direcionamento cefálico.
Logo, a ativação dos músculos largos do abdômen, com suas potentes fáscias realizam a separação da linha alba e dos retos do abdômen, onde se entrecruzam, por serem paralelos a ela.
Solicitar contrações mantidas à pacientes que já possuam pressão intracavitária elevada, pode ser muito perigoso. Esta elevação acentuada da pressão intra-abdominal, pode gerar um efeito compressivo sobre os feixes vásculo-nervosos, prejudicando assim o funcionamento de todo o sistema visceral.
Esse excesso de pressão intracavitária também acontece sobre o assoalho pélvico, facilitando, a longo prazo, a instalação de mecanismos de fuga, empurrando as vísceras para baixo.
Como vimos, vários autores e pesquisadores contemporâneos já se atentaram para as questões das variações pressóricas e vem buscando novas propostas para o conforto de um corpo viscerado, sem desrespeitar as três leis corporais: conforto, equilíbrio e economia.
Contudo, sabemos também que nos mantemos em bipedestação graças às pressões intracavitárias e as potentes fáscias posteriores, o problema está quando essas pressões se mantem elevada.
Segundo o físico francês Blaise Pascal, já citado anteriormente, essa pressão elevada distribuirá toda essa tensão de forma igualitária para o antigo peritônio parietal anterior, hoje chamado de fáscia transversalis, por isso as vísceras estariam sob o risco de não conseguirem realizar seus movimentos que são vitais a nossa sobrevivência, sendo a víscera prioridade ante os músculos, esses se relaxarão, sendo assim quanto mais abdominais tradicionais apliquemos a esse corpo, mais pressão na fascia transversalis geraremos então, um abdômen mais globoso.
Visto isso, o Método Abdominal Hipopressivo propõe a normalização dessas pressões, e mais uma vez recorremos a física, sendo a pressão igual a força dividida pela área, quanto menos pressão na fáscia tranversalis, menos área externa teremos na conformação desse abdômen; logo o MAH é capaz sim, de a médio prazo, diminuir a circunferência abdominal, e respeitando todo o conceito osteopático, sem interferir no movimento visceral, sendo este, prioridade.
2. A Metodologia Hipopressiva emagrece?
De novo a resposta é sim e não. Somente com uma dieta equilibrada o emagrecimento será possível, porém o Método é capaz de a médio e longo prazo aumentar o metabolismo basal do indivíduo, já que os exercícios trabalham numa faixa interessante de frequência respiratória gerada pela noradrenalina produzida pelo sistema nervoso simpático.
Alguns exercícios da série dinâmica podem chegar a atingir 85% da frequência cardíaca máxima de um indivíduo. Porém, deve estar acompanhada de exercícios específicos de Treinamento Funcional, Pilates, corrida, musculação, dentre outras atividades.
Aqui reitero, a Metodologia Hipopressiva vem somar a outras técnicas e formas de exercício físico quando falamos das questões estéticas. Além, de ser extremamente eficaz na capacidade de produzir Dopamina, por trabalhar em hipercapnia.
3. A Metodologia Hipopressiva trata incontinência urinaria?
O M❤️H auxilia na disfunção, que deverá ser acompanhada, por um fisioterapeuta pélvico, pois através das sucções viscerais, o método é capaz de retirar o peso das vísceras sobre os músculos do assoalho pélvico; melhorando assim, a circulação local e favorecendo também, na irrigação dos músculos do períneo, e por consequência a melhora do prazer sexual.
4. A Metodologia Hipopressiva melhora a constipação?
Sim, se a constipação for gerada por um aumento pressórico, somado a tensão de um diafragma trabalhando em baixa, diminuindo a movimentação normal do mesocolon transverso durante a inspiração, além dos movimentos peristálticos do intestino. Sempre seguido da melhoria da ingestão de água e reeducação alimentar.
5. A Metodologia Hipopressiva melhora as dores na coluna?
Já existe um método belga, conhecido como colunas de pressão de Finet e Williane, que trabalha justamente as pressões intra-abdominais, diminuindo a dissipação dessas forças para a região posterior da fáscia transversalis (coluna vertebral e músculos da fáscia toraco-lombar).
A Metodologia Hipopressiva também auxiliará na retirada dessas pressões, normalizando os tônus muscular da região, tirando a sobrecarga desses músculos, favorecendo a transmissão de forças, extremamente necessárias nessa região.
6. A Metodologia Hipopressiva trata diástase?
Sim, pois entendida a relação e ação dos músculos da faixa abdominal, nos fica claro, que o M❤️H, normaliza a pressão sobre os músculos largos, retirando a pressão exercida sobre os retos do abdômen.
Conclusão
Como vimos a Metodologia Hipopressiva se associado a outros métodos podem somar muitos ganhos estéticos ao praticante, desde supervisionado e avaliado por um profissional do movimento, pois como toda técnica também possui contraindicações.
Devido ao marketing e a cultura da beleza estarem fortemente inseridas em nossa sociedade, fique atento, o método já está tendo grande procura no mercado fitness. Porém, lembre-se seus benefícios vão muito além da estética somente.
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