De acordo com os dados da ONU (Organização das Nações Unidas), a terceira idade é a fase da vida iniciando entre 60 e 65 anos. Para a Constituição Federal Brasileira, essa época começa aos 65 anos, já o Código Penal Brasileiro considera 70 anos como marco inicial. Neste artigo, vamos entender como a Fisioterapia e o Pilates podem ajudar na prevenção de quedas em idosos, assim como em sua qualidade de vida no geral.
A Política Nacional do Idoso adota 60 anos. No entanto, para a geriatria, que considera o ponto de vista biológico, a terceira idade realmente começa aos 50 anos.
Mas não confunda terceira idade com envelhecimento! O próprio Joseph Pilates mostra que, mesmo na terceira idade, ninguém precisa ser “velho”, como disse na seguinte frase:
“Se aos 30 anos você está sem flexibilidade e fora de forma, você é um velho. Se aos 60 anos você é flexível e forte, você é um jovem.”
Joseph Pilates
Realmente, é possível chegar aos 60 anos de idade sem sofrer tanto com os efeitos de envelhecimento. Por isso, muitas pessoas mais velhas buscam o Pilates e a fisioterapia como alternativas para envelhecer com saúde sem perder seu condicionamento físico ou independência.
Como acontece o envelhecimento
Envelhecer é inevitável. Esse é um processo fisiológico, inerente e involuntário que causa:
- Perda da estrutura e função do organismo;
- Perda de massa muscular;
- Perda de força muscular (sarcopenia);
- Diminuição de massa óssea (osteoporose);
- Queda na produção hormonal;
- Lentidão no tempo de reação muscular frente aos desequilíbrios posturais;
- Aumento do risco de queda.
Preste atenção nesse último item: aumento no risco de queda. As quedas são uma das principais causas de morte de idosos no Brasil. Por isso é bom pensar na prevenção de quedas em idosos. Considerando que essa população têm maior risco a queda, é essencial conseguirmos realizar uma boa prevenção.
Para conseguir entender melhor por que prevenir idosos estão mais sujeitos a esses acontecimentos, precisamos primeiro discutir a sarcopenia.
Sarcopenia
A sarcopenia faz parte do processo de envelhecimento biológico e caracteriza-se pela diminuição dos tecidos conjuntivos. Como resultado, o idoso sofre um desequilíbrio no processo de formação e reposição muscular. Mesmo que seu corpo continue produzindo massa muscular, sua qualidade diminui.
Esse processo aumenta bastante a partir dos 40 anos e é um resultado multifatorial. Entre os fatores que podem influenciar no seu desenvolvimento mais ou menos rápido encontramos:
- Deficiência hormonais;
- Falta de atividade física;
- Deficiência alimentar.
Quando associada a doenças da Tireoide ou doenças do metabolismo em geral a sarcopenia é exacerbada.
Em geral, a perda muscular acontece progressivamente, entre 1 a 2% ao ano. Dessa forma, ao atingir os 80 anos, um idoso tem cerca de 50% do total da massa muscular que tinha quando jovem. A perda de massa muscular, força e função acontece de forma progressiva.
Recentemente, outro fator surgiu para influenciar nesse processo: a determinação genética. Existem 2 fenótipos de risco que são os mais estudados e reconhecidos para a sarcopenia. A herdabilidade esses fenótipos pode variar de 30% a 85% para força muscular e de 45% a 90% para massa muscular.
Mas nem tudo está perdido, mesmo para pessoas com histórico familiar de maior risco. Desenvolver massa muscular no início da idade adulta ajuda a diminuir muito o risco de desenvolver sarcopenia e ter um envelhecimento mais saudável.
Como acontecem as quedas?
As quedas são consideradas como uma síndrome geriátrica que pode ser causada por fatores extrínsecos e intrínsecos. Os extrínsecos estão relacionados ao ambiente e situações que podem provocar a queda e muitas vezes podem ser evitados pelo indivíduo ou pela família. Entre eles encontramos:
- Ambiente;
- Tapetes;
- Escadas;
- Pouca iluminação;
- Irregularidades no pavimento;
- Piso escorregadio ou molhado;
- Obstáculos.
Já os fatores intrínsecos são aqueles relacionados às mudanças causadas pela idade e que estão fora do controle do idoso. Entre eles podemos citar:
- Mudanças de força muscular;
- Problemas na marcha e equilíbrio;
- Diminuição da flexibilidade;
- Déficits cognitivos;
- Déficits vestibulares;
- Déficits visuais;
- Depressão.
As alterações, como a sarcopenia, fazem com que o idoso perca boa parte da sua força muscular e capacidade de equilíbrio e estabilização postural. Como resultado, situações que não seriam problema para uma pessoa mais jovem tornam-se um verdadeiro desafio para a pessoa na terceira idade.
Um tapete na sala, por exemplo, pode provocar um pequeno tropeção. O idoso, sem o mesmo tempo de reação e incapaz de equilibrar-se, não consegue encontrar apoio e cai. O mesmo acontece em muitas outras situações, como subindo escadas e andando em lugares com obstáculos no chão.
Consequências da queda
Em algumas situações, a queda causa danos graves, fraturas ou lesões que diminuem consideravelmente a mobilidade do idoso. Mesmo depois que esses problemas são curados, algo que demora a acontecer, a pessoa ainda pode manter o trauma da queda, que a impede de andar livremente. Assim, o idoso que sofreu queda perde parte da independência, deixa de socializar e perde muita qualidade de vida.
Portanto, a prevenção de quedas nessa população pode reduzir a mortalidade e ainda melhorar a qualidade do envelhecimento. Mas para conseguir isso precisamos de atividades adequadas. Entre elas, a fisioterapia se destaca.
A fisioterapia pode ajudar na prevenção de quedas?
Uma revisão bibliográfica avaliou a possibilidade de usar fisioterapia na prevenção de quedas em idosos. Os estudos avaliados totalizaram 645 participantes e mostraram resultados favoráveis para os métodos fisioterapêuticos.
De acordo com a revisão bibliográfica, os protocolos fisioterapêuticos utilizados foram eficientes na prevenção de quedas. Eles ainda conseguiram ajudar na melhora do equilíbrio, recuperação de movimentos fisiológicos e da independência do indivíduo.
Para conseguir a prevenção adequada, o fisioterapeuta precisa controlar fatores intrínsecos e extrínsecos. Quanto aos intrínsecos, devemos utilizar exercícios de fortalecimento de membros inferiores, treino de marcha e equilíbrio, assim como movimentos funcionais. Eles são capazes de melhorar os movimentos e até ajudar o idoso a superar seu medo de cair e melhorar a independência.
Além dos exercícios, é essencial realizar uma investigação a respeito dos fatores intrínsecos. É importante educar o idoso e sua família para melhorar seu ambiente e evitar situações de perigo, especialmente em casos de que já sofreram quedas e têm mobilidade limitada.
Conclusão sobre a Prevenção de Quedas em Idosos
A população idosa do país está aumentando, mas isso não significa que sua qualidade de vida ficou melhor. Por isso, precisamos trabalhar para conseguir fornecer melhor qualidade de vida para esses indivíduos e independência. A fisioterapia é uma excelente ferramenta para isso e pode ser auxiliada em muitas ocasiões pelo Pilates.
Exercícios de fortalecimento e melhora de equilíbrio são o foco durante o tratamento de um paciente idoso. Ele precisa também recuperar mobilidade e flexibilidade para conseguir realizar os movimentos adequadamente. Quanto mais móvel for seu corpo, menor será a chance de sofrer uma queda e melhor sua habilidade para estabilizar-se.
Aconselho trabalhar de forma paciente e cuidadosa com idosos. Tudo isso para que a prevenção de quedas em idosos seja efetiva. Eles podem já ter traumas anteriores que os impedem de realizar muitos movimentos, em especial nos equipamentos ou acessórios. Apoiar-se na Fitball, por exemplo, talvez seja um grande desafio.
Para evitar acidentes em aulas e passar mais confiança para o aluno, sempre ajude-o a subir e descer de acessórios e equipamentos. Quem trabalha com equipamentos de Pilates precisa de ainda mais atenção, já que uma queda do Cadillac, por exemplo, seria bastante danosa.
Além disso, faça uma avaliação cuidadosa do seu aluno para entender qual é o problema que realmente afeta seu equilíbrio e corrigi-lo. Muitas vezes esquecemos de fatores importantes que influenciam a marcha do aluno e aumentam as chances de queda, como a mobilidade de tornozelo.
Falando em mobilidade, deixo uma recomendação de um exercício bastante interessante abaixo. Ele pode ser realizado em qualquer ambiente, inclusive em atendimentos a domicílio e ajuda a recuperar a mobilidade de tornozelo.
Bibliografia
● https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/7013
● http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1809-29502018000300315&script=sci_arttext&tlng=pt
● http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/5220