Nas principais musculaturas do abdômen encontramos seis aponeuroses no total, três para cada músculo. Elas saem unidas e são redistribuídas em seguida. As aponeuroses envolvem o reto do abdômen se unindo novamente na linha alba. É uma distribuição bastante complexa que, em alguns casos, apresenta disfunções. É nesse momento que surge a pergunta: o que é diástase? Todos os pacientes querem saber e profissionais do Pilates querem tratar, mas para isso precisamos entender melhor suas funções.
O que é diástase: como surge
Nos dois terços superiores do abdômen as aponeuroses que passam a frente do reto são:
- Aponeuroses do oblíquo externo;
- Aponeurose superficial do oblíquo interno.
E as aponeuroses que passam posteriormente ao reto o abdômen são:
- Aponeuroses do transverso;
- Aponeurose profunda do oblíquo interno.
Já no terço inferior do abdômen todas as aponeuroses dos músculos largos estão situadas a frente do reto do abdômen.
Essa disposição não acontece por acaso. Afinal, existe na parte infra umbilical, que está no terço inferior do abdômen, influência de uma importante convergência de forças. Isso acontece por causa de forças de contração do diafragma (para baixo e para frente).
Sua contração traciona os órgãos da pelve menor para a frente. As aponeuroses então protegem as vísceras da variação que acontece com a respiração.
Por isso, é fácil entender esse reforço aponeurótico dos retos do abdômen na região. Além disso, é o ponto de encontro de todas as cadeias musculares do tronco. Outro dos meios de proteção dos órgãos da pelve menor é a lordose lombar.
Nos dois terços superiores (região supra umbilical) não existe esse reforço. Portanto nessa região a linha alba é mais frouxa e propensa ao aparecimento de diástases. Mas o fator também é importante para o conforto das vísceras. Vimos que a região inferior recebe reforço para proteger as vísceras da PIA que as empurra para baixo. Por isso, a frouxidão na parte superior dá conforto de acordo com suas necessidades.
Podemos perceber assim que, ao contrário do que diz o senso comum, as diástases não são fraquezas dos músculos da parede abdominal. Na verdade, elas são uma adaptação entre a estática e as vísceras.
Funções das diástases
O crédito de largura encontrado na região supra umbilical tem a amortece as importantes e constantes variações de PIA para:
- Fenômenos hemodinâmicos;
- Fenômenos digestórios;
- Permitir o aumento de pressão gerado na gravidez.
Isso explica porque o Transverso do abdômen passa à frente na linha infra umbilical e atrás na linha supra umbilical. Ele deve proteger sua principal ação, ou seja a fonação. Se acontecesse o oposto e o transverso estivesse à frente da linha alba ele perderia sua função na gravidez.
É através dessa folga que o bebê será gerado. Assim, precisamos das cadeias musculares cruzadas posteriores ou de extensão para manter a postura.
Durante a gravidez o diafragma diminui sua excursão na respiração. Já o útero aumenta para o crescimento do bebê, evitando um aumento ainda maior da pressão intra-abdominal.
Com o aumento do útero o diafragma desce cada vez mais e recruta as cadeias cruzadas de extensão. Assim a diástase abdominal fisiológica aumenta gradualmente.
Conclusão
A partir das informações mostradas aqui é possível perceber que a linha alba é a grande transmutadora de forças entre as cadeias musculares cruzadas de fechamento do tronco e as cadeias de flexão. Ela e os retos abdominais são quem permite a distribuição de forças pressóricas durante a gestação.
Durante a gestação a mulher terá sua estática com um importante ponto de apoio na região torácica. Compreendendo a inteligência corporal também é possível compreender o corpo como um todo. Não existe como realizar o tratamento da diástase usando somente os músculos abdominais. É necessário desfazer a necessidade corporal gestacional de realizar seu apoio estático na região dorsal.