A Metodologia Hipopressiva começou a virar febre quando alguns meios de comunicação começaram a anunciá-lo como o método da barriga negativa, mas será isso realmente como a mídia diz?
O argumento é que a prática da Metodologia Hipopressiva fortalece músculos abdominais de maneira mais eficiente, sendo até melhor que as abdominais tradicionais. Já falei em outro artigo sobre a comparação entre hipopressiva e abdominal, então pularemos essa discussão por enquanto.
A resposta para essa dúvida é sim e não. Afinal de contas, realmente conseguimos trabalhar musculaturas abdominais profundas de maneira bastante eficiente com o Método Abdominal Hipopressivo.
Somente a Metodologia Hipopressiva não é o suficiente
No entanto, precisamos conscientizar o aluno que só a prática da Metodologia Hipopressiva não é o suficiente para alcançar a tão sonhada “barriga chapada”.
Antes de mais nada, para ter um abdômen definido, a pessoa precisa ter uma alimentação correta. Enfim, cerca de 80% do processo acontece através de uma dieta com baixa ingestão de gordura. A realidade é que, para alcançar a barriga negativa, o aluno precisa de um baixo índice de gordura corporal.
Dessa forma, Metodologia Hipopressiva atua através do fortalecimento de musculaturas profundas do abdômen e também ao diminuir a pressão intracavitária. Existem casos em que só diminuindo a pressão o aluno conseguirá o resultado que deseja.
Para que você compreenda como a Metodologia Hipopressiva ajuda a chegar ao resultado estético que nossos alunos sonham mostrarei um pouco da atuação das musculaturas do abdômen na pressão intra-abdominal (PIA).
Músculos do Abdômen que influenciam na Metodologia Hipopressiva
Reto Abdominal
Esse músculo fica localizado à frente do tronco.
Ele compõe a camada mais superficial da musculatura abdominal e possui fibras predominantemente vermelhas. Contudo, sua área é entrecortada por áreas não contráteis fasciais. Os retos abdominais são recobertos pela bainha do reto do abdômen, que tem a função de manter esses músculos em posição. Além disso, a bainha é formada pelas aponeuroses do oblíquo externo, interno e transverso do abdômen.
O reto do abdômen é longo e aplanado. Assim, ele recobre a face anterior do abdômen e é intercedido pelas intersecções tendíneas, que são faixas tendinosas. Dependendo da pessoa, os números dessas interseções variam.
Estou falando dessas musculaturas porque são os responsáveis pelo enrolamento da unidade tronco. Além disso, realizam a elevação do púbis em direção ao umbigo e o abaixamento do esterno também em direção ao umbigo. Perceba que essa é uma zona de convergências de forças importantes.
Quando acontece o enrolamento do tronco, a coluna vertebral é mobilizada indiretamente de maneira retificadora nas regiões torácica baixa e lombar. Portanto, muitas vezes encontramos alunos que precisam flexibilizar esses músculos.
Sem flexibilidade, os retos abdominais nos puxam para o enrolamento. Tal falta de flexibilidade pode ser causada pelo sedentarismo e até posicionamento inadequado durante o trabalho.
Quer ajudar seu aluno a conseguir a tão sonhada barriga negativa? Então fique sabendo que os retos abdominais empurram as vísceras para dentro ao se contrair. Dessa maneira acabam aumentando a pressão intracavitária.
Músculos Largos
Para entender melhor como funciona a pressão intracavitária precisamos compreender também os músculos largos. Eles ficam nas laterais do tronco e se opõe ao reto do abdômen. São eles:
- Transverso do Abdômen;
- Oblíquo Interno;
- Oblíquo Externo.
Transverso do Abdômen
Dentro todos os músculos largos esse é o mais profundo. Sua origem fica localizada na:
- Crista Ilíaca
- Fáscia Toracolombar
- Dois Terços Laterais do Ligamento Inguinal
A inserção do transverso do abdômen fica nas bordas inferiores das últimas 3 costelas e da linha alba. Portanto, ele se estende inferiormente sobre o ligamento inguinal e a prega inguinal.
Preste atenção nisso: o transverso é cortado pela linha alba à frente e atrás pela fáscia tóraco lombar. Conforme já mencionei em outros artigos e pesquisas também mencionam a interdependência desses dois transversos há mais de 10 anos.
Precisamos entender esse músculos porque ele tem uma ligação íntima com as questões viscerais. O transverso do abdômen está envolvido em processos como:
- Fonação
- Vômito
- Tosse
- Espirro
- Entre Outras
Ele é importantíssimo no Método Abdominal Hipopressivo e também para conseguir a barriga chapada que todos sonhos através da diminuição da pressão abdominal. Ao se contrair, ele diminui o diâmetro da cintura. Como resultado, pode aumentar bastante a PIA.
A cintura fininha é formada pelas fibras médias horizontais do transverso. Assim, as fibras inferiores realizam a proteção dos órgãos da pelve menor das diferenças da PIA que ocorrem o tempo todo. Em síntese, quando essas fibras se contraem ela também alargam as cristas ilíacas.
Da mesma forma, as fibras superiores são responsáveis pelo fechamento sutil das costelas. Elas não realizam um grande fechamento porque tem pouco comprimento muscular.
Existem casos em que a combinação do diafragma hipertônico (que trabalha em posição baixa), contração dos músculos abdominais e força gravitacional empurram as vísceras para baixo. Assim, a PIA aumenta e os músculos do períneo ficam fadigados.
Oblíquo Interno
Esse músculo está na camada intermediária dos músculos largos e na verdade são dois: o direito e o esquerdo. Sua origem fica localizada na:
- Crista Ilíaca;
- Fáscia Toracolombar;
- Dois Terços Laterais do Ligamento Inguinal.
Ele tem a inserção nas bordas inferiores das últimas 3 costelas e linha alba. Portanto, os oblíquos internos realizam a ação de fletir e rodar o tronco para o mesmo lado. Ao realizar experição forçada ele também está presente.
As fibras vermelhas desse músculos circundam a cintura indo para cima e também da pelve até as costelas. Por ter sua ação mais potente acima do umbigo ele comprimi as vísceras quando é contraído.
Por fim, também reforça a borda do ligamento inguinal contribuindo para a contenção inferior do abdômen.
Oblíquo Externo
O oblíquo externo é amplo, quadrangular e plano, mas sua parte ventral é mais extensa que sua parte dorsal. O músculo recobre toda a face lateral do abdômen com sua porção muscular e também a face anterior aponeurótica.
Suas origens estão localizadas nas bordas inferiores da 5ª a 12ª costela. A inserção fica na:
- Crista Ilíaca;
- Ligamento Inguinal;
- Lâmina Anterior da Bainha do Reto Abdominal.
Assim, suas aponeuroses se unem a linha alba.
Sua ação inclui comprimir o abdômen, fletir e rodar o tronco para o lado oposto. Assim como o oblíquo externo, ele também está presente na expiração forçada.
Os oblíquos internos também consegue direcionar as vísceras de cima para baixo graças ao direcionamento de suas fibras.
Ação dos Músculos Largos sobre a Linha Alba e como funcionam na Metodologia Hipopressiva
São eles os responsáveis em sua contração simétrica pela diástase pois tracionam a linha alba em sentidos opostos. Por fim, a contração do Transverso traciona a linha alba num direcionamento horizontal, por sua disposição de fibras.
O oblíquo externo afasta a linha alba obliquamente em sua região superior para baixo. Já o oblíquo interno atua na região infra umbilical tracionando a linha alba num direcionamento cefálico.
Os músculos retos do abdômen não realizam a separação da linha alba por serem paralelos a ela.
Solicitar contrações mantidas à pacientes que já possuam pressão intra-cavitária elevada, pode ser muito perigoso. Esta elevação acentuada da pressão intra-abdominal pode gerar um efeito compressivo sobre os feixes vásculo-nervosos. Enfim, isso prejudica o funcionamento de todo o sistema visceral.
Esse excesso de pressão intracavitária também acontece sobre o assoalho pélvico. A longo prazo facilita a instalação de mecanismos de fuga, empurrando as vísceras para baixo. Blandine traz da França todo um novo conceito em seus livros sobre Pilates. Por fim, ela recomenda solicitar a realização do exercício na fase inspiratória sem o fechamento das costelas.
Essas ações tentam não sobrecarregar as vísceras. Além disso, ele preconiza que os exercícios sejam realizados na fase inspiratória evitando assim o aumento da pressão intra-abdominal durante os enrolamentos no Pilates.
Conclusão
Metodologia Hipopressiva realmente ajuda?
Não existe uma fórmula mágica para conseguir um corpo que adere aos padrões de beleza. Portanto, não adianta o aluno achar que fazendo o Método Hipopressivo, seja na aula de Pilates ou numa aula específica, vai ficar com a “barriga negativa”.
Ele precisa aliar atividades físicas, boa alimentação e o auxílio da Metodologia Hipopressiva para conseguir isso. Dessa forma, como instrutor, você precisa conscientizá-lo e mostrar o papel do Método Hipopressivo nisso.
Conseguimos atuar principalmente diminuindo a pressão intracavitária, o que ajuda a deixar os resultados estéticos mais visíveis. Além disso, proporcionamos uma série de benefícios para nosso aluno através da Metodologia Hipopressiva que vão muito além do estético.
E isso é mais um dos fatores que você deve mostrar a ele. Afinal de contas, atividades físicas, na verdade, são sinônimo de saúde. Além disso, definição do corpo é um resultado da melhora nas condições de vida.