De acordo com o Ministério da Saúde, um em cada quatro brasileiros é hipertenso. Portanto, as chances de encontrar um aluno com pressão arterial aumentada em sua prática profissional é grande. Assim, tentando evitar piorar os sintomas de sua condição, precisamos conhecer muito bem as técnicas que são indicadas e contra indicadas para esse público.
Hoje venho explicar um pouco sobre a Metodologia Hipopressiva e como ele influencia a pressão arterial. Já aviso que o método é completamente contraindicado para esses pacientes.
Como funciona a pressão arterial?
Vasos sanguíneos percorrem o corpo com a função de carregar sangue rico em oxigênio e nutrientes, ou em gás carbônico e resíduos, para várias áreas. Primeiramente, esse sistema é bastante complexo e precisa estar em completa harmonia para funcionar.
O sistema arterial, em especial, é delicado. As artérias são vasos de maior calibre que possuem paredes mais espessas e resistentes para aguentar a pressão do sangue que é bombeado. Essa pressão que o sangue exerce sobre a parede arterial é a pressão arterial e divide-se em dois tipos:
- Pressão sistólica: força exercida pelo sangue dentro das artérias durante a sístole ventricular (quando o coração se contrai para enviar sangue para as artérias). Seu valor normal em adultos costuma ser de 120mmHg;
- Pressão diastólica: força exercida pelo sangue nas artérias durante a diástole ventricular (quando o coração se contrai para enviar sangue aos pulmões).
Quando os valores da pressão arterial estão dentro do normal, o corpo possui seu funcionamento fisiológico. No entanto, em alguns casos eles podem estar acima do esperado, causando hipertensão.
O que causa a pressão arterial aumentada?
Pacientes com hipertensão arterial têm tanto a pressão sistólica quanto a diastólica aumentada. Além disso, pessoas com a condição estão no grupo de risco para sofrerem de problemas vasculares, como acidente vascular cerebral e ruptura de aneurisma e insuficiência cardíaca.
Em casos de hipertensão o coração precisa esforçar-se mais que o comum para distribuir o sangue pelo corpo. Assim, seu tecido muscular torna-se fadigado e suscetível aos problemas que mencionei acima.
Boa parte dos pacientes com histórico familiar de pressão arterial aumentada também desenvolverão o problema ao longo da vida. Por ser uma doença crônica, a hipertensão exige atenção especial do paciente, familiares e todos os profissionais envolvidos no seu tratamento. Portanto, podemos incluir os profissionais do movimento, que devem tomar medidas para evitar o aumento da pressão durante as sessões de treinamento.
Quem trabalha com alunos hipertensos deve estar sempre atento a alguns sinais de que a pressão aumentou muito, como:
- Dor de cabeça;
- Dor no peito;
- Zumbido no ouvido;
- Fraqueza;
- Visão embaçada.
Como a Metodologia Hipopressiva influencia na pressão?
Todos concordamos que é importantíssimo ter cuidado com nossos alunos e pacientes hipertensos, mas o que isso tem a ver com a hipopressiva? Por isso, ela é completamente contraindicada para pacientes hipertensos.
Sua prática traz efeitos que consideramos benéficos quando realizada em alunos saudáveis, como a liberação de adrenalina. Em pessoas com a doença crônica, no entanto, esse hormônio causa aumento de frequência cardíaca e pressão arterial.
No XXVI Congresso de Iniciação Científica da Unicamp, um estudo com mulheres praticantes do MAH mostrou algumas alterações consequências do método. Durante o experimento, primeiramente, a pressão arterial das voluntárias foi medida 10 minutos antes da sessão (em repouso), ao final de cada série e 5, 10, 15 e 20 minutos após a sessão.
Durante a sessão, a pressão sistólica e diastólica das mulheres em estudo aumentou significativamente. Após a sessão de hipopressiva não existiu efeito hipotensor.
Além disso, as posturas utilizadas durante a hipopressiva agravam o aumento da pressão arterial. A maioria delas é em isometria, causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial diastólica.
Por isso, precisamos sempre conhecer o histórico clínico de um aluno. Os resultados da hipopressiva em hipertensos são extremamente prejudiciais e raramente reversíveis.
Cuidados que devemos ter em aula com hipertensos
O público hipertenso precisa de atenção especial. A doença é bastante comum no Brasil, especialmente entre a terceira idade, mas também pode ser encontrada em pessoas mais jovens. Lembra que sempre falo sobre a importância da entrevista para os resultados de nossas aulas? Ela também ajuda a identificar condições crônicas, como a “pressão alta”, que poderiam colocar nosso aluno em risco.
Mesmo sendo incapazes de usar o Método Abdominal Hipopressivo em aula, ainda podemos ajudar esses alunos através do movimento. Uma forma excelente de auxiliar no controle da pressão arterial está em outra técnica sobre a qual falo bastante aqui no blog: o Pilates.
Portanto, durante uma aula direcionada a esse público precisamos tomar muito cuidado com a intensidade. Portanto, recomenda-se praticar atividades leves a moderadas. Intensidade em excesso pode ter o efeito contrário ao desejado e aumentar a pressão.
A respiração no Pilates não utiliza apneia, como acontece com o MAH, proporcionando relaxamento. O alívio do estresse também traz benefícios para o restante do dia do paciente hipertenso.
Conclusão
Para garantir que nosso paciente hipertenso mantém sua saúde não podemos utilizar a metodologia hipopressiva em aula. Apesar de ser extremamente benéfico em diversas situações, ele é contraindicado no caso de “pressão alta”. A apneia gerada pela respiração e as posições isométricas levam ao aumento tanto da pressão sistólica quanto diastólica, podendo causar danos graves.
Ao invés de utilizar o MH, podemos optar por técnicas que auxiliem no relaxamento do paciente e a melhorar sua respiração. Sempre tome cuidado com técnicas que envolvam respirações similares à manobra de valsalva, que de acordo com estudos, leva ao aumento da pressão arterial.