A Musculatura do Assoalho Pélvico (MAP) sustenta os órgãos pélvicos e abdominais – mantendo as continências urinária e fecal. Além disso, ele participa da função sexual. A musculatura pélvica feminina, nada mais é, que um conjunto de partes moles que fecham a pelve. Formado por músculos, ligamentos e fáscias que são capazes de se distenderem ao máximo quando a mulher realiza o parto normal.
A MAP – localizada entre o púbis e o cóccix -, é formada por músculos estriados esqueléticos e exerce diversas funções importantes no organismo feminino. Portanto, são os músculos perineais do terço externo da vagina que se contraem, reflexa e ritmicamente, para atingir o orgasmo. Quer entender mais sobre MAH na Função Sexual Feminina? Então, continue lendo este texto!
Qual a função da musculatura pélvica feminina?
Primeiramente, o assoalho pélvico tem a musculatura constituída por 70% de fibras do tipo I (fibras de contração lenta) e 30% de fibras do tipo II (fibras de contração rápida). Dessa forma, ele sofre com diversas disfunções, como a incontinência urinária e fecal, disfunções sexuais, dor pélvica crônica, problemas menstruais, dentre outras.
A MAP é responsável pela contração vaginal, aumentando a sensação de prazer no momento do sexo. Ou seja, o treinamento desta musculatura tem efeito positivo na vida sexual das mulheres. A metodologia hipopressiva favorece a maior sensibilidade devido ao aumento da vascularização da região do períneo, sendo este um dos benefícios do método.
Já sabemos disso na fisioterapia pélvica, onde usamos técnicas simples para trabalhar a musculatura pélvica feminina. Entre elas, incluímos a cinesioterapia, terapia manual e o abdominal hipopressivo para auxiliar a função sexual, entre outras técnicas. Inicialmente, é necessário realizar uma reeducação sobre a MAP e sobre a função sexual já que a maioria das mulheres desconhece o próprio corpo.
Ainda existem muitas dúvidas, tabus e desconhecimento por parte do corpo feminino. Muitas vezes indicamos a terapia psicológica que está fortemente ligada a relação sexual. Não é só uma questão anatômica, mas sim de conceitos pré-estabelecidos.
Musculatura pélvica feminina influencia na cólica menstrual?
A metodologia hipopressiva também é efetiva na diminuição das dores menstruais. A princípio, a dismenorreia (cólica menstrual) é provocada quando há a liberação de prostaglandina, substância que faz o útero contrair para eliminar o endométrio (camada interna do útero que cresce para nutrir o embrião). Pelo menos é isso que ocorre durante a menstruação, quando o óvulo não foi fecundado.
A dor da cólica menstrual pode variar de intensidade. Já que a metodologia hipopressiva é vasodilatora, aumenta o fluxo menstrual fazendo com que a descamação do endométrio ocorra mais rápido.
A prática de atividades físicas regulares auxilia no alívio das cólicas porque libertam endorfinas, substâncias que atuam como analgésicos naturais do organismo. Além disso, técnicas de relaxamento e consciência corporal também auxiliam no tratamento.
A cólica menstrual pode ser primária ou secundária. Na primária trata-se de uma condição normal do ciclo menstrual, produzida pelas prostaglandinas.
Já a secundária ocorre devido a alguma patologia como:
- Endometriose;
- Miomas uterinos;
- Cistos;
- Outras doenças que podem afetar o sistema reprodutivo.
Cerca de 65% das brasileiras sofrem com a dismenorreia e 70% delas observam uma queda na produtividade durante a menstruação.
Estrutura da musculatura pélvica feminina
O assoalho pélvico possui duas camadas, superficial e profunda. Na camada superficial da MAP temos:
- Bulboesponjoso;
- Isquicavernoso;
- Transverso superficial;
- Profundo períneo;
- Esfíncter uretral externo;
- Esfíncter anal externo.
Na camada profunda temos:
- Isquioscoccígeos;
- Levantadores do ânus (puborretal, pubococcígeo);
- Levantador da próstata e pubovaginal;
- Iliococcígeo.
Nesta camada profunda, as estruturas formam o diafragma pélvico que permanece contraído sustentando os órgãos pélvicos.
Importância do MAP na Função Sexual Feminina
A literatura descreve a importância da MAP na função sexual feminina. Os músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso auxiliam na excitação devido as suas inserções no arco púbico e no clitóris que ao se contraírem na atividade sexual, facilitam a ereção e consequentemente a atingir o orgasmo.
O aumento na vascularização pélvica nesta região e na sensibilidade do clitóris, promove ainda uma melhor excitação e lubrificação. Acredita-se que o fortalecimento desta musculatura justificaria os relatos de melhora sexual após o treinamento. Esta função suposta do treinamento ainda se faz especulativa.
Os exercícios perineais são a primeira escolha por oferecerem uma opção menos invasiva no tratamento conservador, aumentando a circulação sanguínea e tonicidade, sendo eficaz no fortalecimento da MAP.
Alguns estudos apontam que uma pressão vaginal menor que 30 mmHg pode ocasionar em disfunção sexual e possivelmente existe uma relação entre a intensidade orgástica e uma boa tonicidade do períneo.
No tratamento da fisioterapia pélvica, a cinesioterapia da MAP consiste em contrações com número de repetições e frequências pré-definidas, associando a posturas e ritmos respiratórios.
É possível aumentar a consciência, a percepção e controle corporal desta musculatura nas mulheres em diferentes posturas, recrutando de diversas formas os músculos do períneo que participam constantemente dos movimentos do nosso corpo, mas raramente são treinados.
Benefícios do MAH na musculatura pélvica feminina
Os exercícios da metodologia hipopressiva ocorrem em conjunto com a respiração diafragmática promovendo uma pressão negativa na cavidade abdominal tracionando a fáscia abdominal ativando reflexamente a MAP. Assim, essa mobilidade pélvica, facilita a contração correta.
O abdominal hipopressivo é um treino com benefício para a faixa abdominal, sem efeitos negativos sobre o assoalho pélvico. Ou seja, melhora as tensões musculares desativando as séries musculares, diminuindo as tensões conjuntivas, podendo ser associado ou não a outras terapias.
Ainda acaba melhorando a propriocepção. Portanto, os exercícios visando o assoalho pélvico aumentam a coordenação com as contrações melhorando a função da musculatura durante o ato sexual.
Se os músculos do períneo estiverem com boa vascularização e tonicidade, eles aumentam a satisfação na relação sexual para ambos os parceiros. A vitalidade do períneo está relacionada à consciência, coordenação, relaxamento, resistência e força para que possa exercer as suas funções com vigor.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a sexualidade é um dos principais pontos que asseguram a qualidade de vida do ser humano, sendo vivida e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos. Ainda é influenciada por vários fatores biológicos e psicológicos que interagem entre si.
Como funciona a sexualidade feminina?
A resposta sexual feminina é expressada por fases que estão interligadas fisiologicamente sendo dividida em quatro fases:
- Desejo;
- Excitação;
- Orgasmo;
- Resolução.
Conforme vemos, cada fase tem suas características próprias e um comprometimento durante o ciclo é definido como disfunção sexual.
Existem vários questionários que ajudam a qualificar esta disfunção, podendo ser multifatoriais. Assim, eles podem ser divididos em fatores orgânicos e psicológicos. Entre as alterações estão os problemas no intercurso vaginal, como a dispareunia e vaginismo, entre outros…
Relaxamento demasiado da muscular vaginal, prolapsos e a incontinência urinária durante o sexo, dificultando a atividade sexual e fazendo com que a mulher passe a sentir-se constrangida. Além disso, muitas vezes acaba se privando por completo do contato sexual.
Sobretudo, o tratamento para as alterações da função sexual exige uma abordagem multidisciplinar e atualmente vem sendo mais discutida entre os profissionais de saúde. Existe uma grande quantidade de mulheres que precisam de atendimento, mas a procura por ajuda ainda é pequena devido ao estigma social.
A fisioterapia pélvica atua diretamente com estas mulheres por meio do tratamento conservador na reabilitação da MAP buscando melhorar a propriocepção, coordenação, diminuir os pontos gatilhos miofasciais, aumentar a força e a resistência muscular.
Uma boa função sexual não depende somente de um músculo forte, mas de todo um trabalho correlacionado a vários fatores objetivos e subjetivos. Assim, a fisioterapia pélvica desempenha importante papel na melhora da relação entre o casal e também desmistificando a relação.
Além disso, proporciona um alívio da dor muscular quando existente. A sexualidade é complexa e deve ser tratada individualmente, pois é um processo amplo envolvendo muitas questões pessoais que não se restringem somente aos órgãos genitais ou ao puro ato sexual.
Conclusão
Por fim, podemos compreender que a MAP, apesar de representar grande participação na função sexual feminina, não é a única responsável pelo ciclo. Primeiramente, a função sexual pode ser influenciada por diversos fatores biológicos como depressão, medicações e alterações hormonais.
Ou ainda por fatores psicológicos como acontecimentos variados da vida diária, medo de engravidar, doenças sexualmente transmissíveis, infertilidade, experiências sexuais dolorosas ou mesmo inexperiência e constrangimentos em relação ao próprio corpo. Desta forma, é uma situação complexa de entendimento, experiências e confiança.