Sua mãe provavelmente falou muito para você não segurar o xixi por muito tempo. Como acontece com muitas coisas na vida, ela estava certa e isso pode até prejudicar a bexiga!
Acredite ou não, existe fundamento fisiológico por trás dessa afirmação que mães fazem ao redor do mundo. Afinal de contas, segurar a urina por muito tempo aumentam as chances de ter uma infecção urinária e de desenvolver uma incontinência urinária, problema sobre o qual já falei bastante em outro artigo. Além disso, crescem as chances de desenvolver cálculos renais!
Se fôssemos contar, o ideal seria irmos ao banheiro pelo menos seis vezes por dia. Esse esvaziamento permite que a bexiga não se sobrecarregue, por isso que não devemos prender o xixi. Continue lendo para saber mais!
Funcionamento da bexiga
Nossa bexiga é um órgão muscular elástico e oco, que faz parte do aparelho urinário. Ela fica na parte inferior do abdômen, na sínfise púbica, mas muda de posição em corpos femininos e masculinos. Nos homens, situa-se logo à frente do reto, já nas mulheres, à frente da vagina e abaixo do útero.
É o órgão responsável por produzir, armazenar e eliminar a urina, a capacidade de armazenamento é de aproximadamente 400 a 500 ml para os homens e para as mulheres até 450ml. Sendo assim, ela se enche a cada três horas e deve ser esvaziada em quatro horas.
A capacidade de encher, armazenar e de esvaziar completamente a urina envolve várias etapas. Portanto, começa logo cedo, já no desfraldamento infantil.
Anatomia da bexiga
O processo de controlar a urina conscientemente e ou inconsciente pode parecer simples, mas envolve um esforço do Sistema Nervoso. O mecanismo de continência urinária possui um complexo de controle em vários níveis.
O reflexo de fazer xixi é feito por neurotransmissores, é o processo miccional presente no funcionamento da bexiga. Assim, ela recebe estímulos do Sistema Nervoso Central (SN) e é dividida anatomicamente em quatro partes:
- Superior (inferolaterais e posterior – base);
- Ápice da bexiga (ligamento umbilical mediano);
- Colo vesical (faces inferolaterais, meato interno da uretra);
- Corpo vesical (ápice-base) (GOMES M.C. 2011).
O Colo Vesical é a região do canal uretralmenos móvel, três ligamentos auxiliam na fixação:
- Puboprostático medial (pubovesical medial, na mulher);
- Puboprostático lateral (pubovesicallateral, na mulher);
- Lateral da bexiga.
Outros ligamentos coadjuvantes são o Umbilical mediano e os Umbilicais mediais – que exercem a função antagônica ao corpo vesical.
O Corpo Vesical é praticamente toda musculatura da bexiga que chamamos de musculatura detrusora. Dentro da bexiga há uma um tecido que reveste-a, chamada de membrana mucosa.
Já o trígono da bexiga fica na região infero-posteriormente desta víscera. Neste trígono a túnica mucosa (o tecido epitelial) é sempre lisa, mesmo quando a bexiga está vazia, porque a túnica mucosa sobre o trígono é firmemente aderida à túnica muscular adjacente.
Papel do Sistema Nervoso
O funcionamento da bexiga é coordenado em diferentes níveis do sistema nervoso central (SNC), o simpático e o parassimpático.
Quando acionado o Sistema Nervoso Simpático (SNS) relaxamos o detrusor da bexiga (músculo liso da parede da bexiga) e enchemos a bexiga, a contração do detrusor só ocorre durante o ato de fazer xixi, pois é um músculo liso, ou seja, sua contração é involuntária.
Quando acionado a função do Sistema Nervoso Parassimpático (SNP) o músculo detrusor se contrai acionamos o ato de expelir a urina, contraindo o Trígono dando-se o início a micção.
A continência se dá pela perfeita função e coordenação da musculatura do períneo e da bexiga na fase de enchimento e esvaziamento.
A musculatura do períneo tem o papel de suportar os aumentos da pressão intra-abdominal e manter o posicionamento ideal para nossos órgãos pélvicos e manter a continência.
Para ter um controle consciente do sistema urinário, o assoalho pélvico merece atenção especial. Afinal, uma das formas de tratamento é a atividade física, o exercício físico especializado nesse processo evita disfunções e lesões. Ainda mais, tenho uma dica: a hipopressiva é bastante eficiente nesse processo.
Tratamento das disfunções urinárias
Uma das formas de tratamento começa com uma boa avaliação. Um profissional qualificado pode auxiliar a evitar um desiquilíbrio futuro, como o mau funcionamento da bexiga e dos órgãos pélvicos.
Muitas mulheres que praticam atividade física diariamente não sabem a importância de ter uma musculatura do assoalho pélvico (MAP) competente.
Algumas relacionam um abdômen forte a um assoalho pélvico forte também, mas na maioria das vezes o que ocorre é o inverso, exercícios abdominais aumentam a pressão sobre a bexiga e o períneo.
A pessoa que não tem a consciência e tem uma propensão de ter uma musculatura perineal enfraquecida, quando faz uma pressão constante sobre a bexiga pode causar uma incontinência urinária.
A perda de urina começa com gotejo e aos poucos pode evoluir, devido à sobrecarga e aumento da pressão intra-abdominal, a fraqueza muscular do assoalho pélvico pode aumentar e provocar grandes escapes.
Assim, para resolver a questão com sucesso, existem atendimentos especializados, como fisioterapia pélvica que propõe tratamentos e reabilitação da bexiga com exercícios corretos para o assoalho pélvico, e para toda área que abriga os órgãos da parte inferior do abdômen.
Conclusão
A região do assoalho pélvico influencia as funções urinárias, digestivas e também reprodutoras, por isso merecem atenção especial em nossas aulas.
Saber controlar seu corpo e sua mente de forma consciente exige treinamento com conectividade já que o nosso corpo trabalha em sinergia, quando estão equilibradas as disfunções desaparecem.