Sabemos que o Pilates não é uma receita pronta, com comandos mágicos que consertam o problema de qualquer aluno. Então, o que será que eu quero tentar atingir nesse texto falando do melhor posicionamento de coluna nas aulas?
Quero mudar ideias já ultrapassadas sobre a coluna ideal sendo ereta, algo que pode proporcionar apagamento de suas curvas fisiológicas. Quem trabalha com Pilates precisa aprender a trabalhar a coluna do aluno para conseguir equilibrar sua mobilidade e equilíbrio. Quer aprender melhor? Continue lendo esse artigo.
Posicionamento de coluna e estabilidade, o que tem a ver?
Antes de qualquer coisa, precisamos entender a estabilidade da coluna, já que ela é fundamental nos nossos atendimentos. Joseph Pilates foi genial na criação de seu método com a estabilização segmentar.
De acordo com Pilates, precisamos fortalecer o Power House para ter efeitos positivos no Método. Quanto mais forte for esse núcleo, mais estável estará a coluna vertebral. Apesar de não estar exatamente errado pela física, esse conceito é bastante mal entendido no meio das atividades físicas (e já falei sobre isso em um outro artigo que você pode ler aqui).
Atualmente, muitos confundem a estabilidade com rigidez. Mas a rigidez é um problema que gera diversas patologias e desvios quando deixamos de aplicar correção com mobilidade. Infelizmente, a mobilidade vem sendo bastante ignorada.
A física define estabilidade como a energia potencial de um corpo armazenada. Um corpo equilibrado consegue transformar a energia potencial em energia cinética. Em geral, transformamos energia potencial gravitacional em cinética usando nossos tendões, que também geram estabilidade para manter o corpo em movimento.
Mas o que exatamente é a estabilidade?
A estabilidade é o mesmo que rigidez vezes mobilidade. Portanto, ao fortalecer o Power House em excesso conseguiremos muita rigidez e a mobilidade ficará prejudicada. Dessa maneira, o corpo perde a energia potencial elástica que poderiam ser geradas nos músculos.
Só tome cuidado: muita mobilidade também é problemática. Com um excesso dessa característica perdemos a estabilidade e a energia potencial elástica.
Caso o corpo estiver em equilíbrio ele consegue utilizar sua energia potencial de forma econômica, seja na rigidez ou mobilidade. Tudo isso sem qualquer risco de lesão.
Portanto, se quisermos considerar o Pilates um exercício completo, ele precisa proporcionar tanto mobilidade quanto rigidez para o corpo. Uma rápida dica: o Pilates é extremamente completo, basta saber utilizar o posicionamento da coluna e outros fatores corretamente.
Precisamos aplicar alguns ajustes para usar menos força na ideia de estabilização segmentar para continuar proporcionando seus benefícios à coluna vertebral sem prejudicar o restante dos sistemas.
Posicionamento de coluna para diferentes tipos de pacientes
Acredite ou não, a respiração é um ponto essencial na nossa estratégia para garantir mobilidade e estabilidade à coluna. De acordo com Joseph Pilates, precisamos de respiração profunda durante os exercícios do seu Método. Ainda segundo ele, a respiração ajuda a oxigenar todos os átomos do corpo. Quero acrescentar que precisamos de tipos diferentes de respiração de acordo com a necessidade do seu aluno.
Nos tempos de Joseph, a ideia de uma coluna ereta era o mais aceito como saudável. Mas atualmente já sabemos que existem curvaturas que são fisiológicas e precisam de respeito por parte do profissional do movimento. Por isso, devemos utilizar comandos respiratórios que ajudem nosso aluno a manter suas curvaturas fisiológicas ao mesmo tempo que corrigem os desvios posturais.
Quero destacar aqui os hipercifóticos e retificados. No primeiro caso eles precisam levar o ar inalado para o peito, facilitando o movimento da curvatura prejudicada da coluna. Os alunos retificados possuem um apagamento das curvas fisiológicas e precisam respirar levando o ar inalado para as costas.
A respiração continua sendo um dos fundamentos do Pilates e uma parte essencial dos tratamentos feitos com ele. Mas ela é realizada de maneira mais sutil, respeitando o ritmo, fluência e sequência dos exercícios. Adaptando o processo respiratório de acordo com a necessidade do aluno conseguimos melhoria significativa na sua postura, estabilidade e mobilidade.
Posicionamento de Coluna no Pilates
Pilates buscava a coluna ereta através do seu método, algo que ainda é aplicado por quem pratica o Pilates original. Novas pesquisas indicam que a retroversão é ainda mais prejudicial, aumentando muito a pressão sobre os discos intervertebrais. Por isso, o conceito aceito atualmente é que devemos sempre buscar a coluna neutra.
O que muitos profissionais fazem é ficar de olho no posicionamento da pelve, como indicativo da posição do restante da coluna. Assim, em alguns exercícios o aluno mantém a pelve neutra, mas a dorsal e cervical em sofrimento.
Durante as aulas, começamos levando o aluno para a pelve ideal para ele. Ou seja, não é o que nossa visão profissional dita, mas sim a posição mais confortável para seu corpo. Aos poucos podemos realizar adaptações na sua pelve e postura para deixá-lo mais perto da nossa própria ideia de neutro ideal.
Para conseguir chegar ao posicionamento correto da coluna precisamos de uma boa progressão de exercícios. O aluno não deixará de ser retificado e hipercifótico da noite para o dia, portanto, tenha paciência e avance com passos pequenos.
O que chamo de neutro ideal aqui nesse artigo pode ser resumido em:
- Cervical lordótica neutra;
- Dorsal cifótica neutra;
- Lombar lordótica neutra.
Quando alguém está em decúbito dorsal é preciso manter a base do crânio, da coluna dorsal, as costelas flutuantes e a base do sacro no solo.
Conclusão
Joseph Pilates realmente foi genial ao criar seu método. Seus equipamentos, por exemplo, não foram criados de maneira aleatória. Na verdade, cada um foi criado como um verdadeiro emaranhado físico, com seus vetores de forças e forças elásticas capazes de moldar o corpo de um indivíduo.
Mas para conseguir obter o maior benefício desses equipamentos, ainda precisamos de uma coluna em ordem, que possui sua mobilidade e estabilidade garantidas. Tente ensinar ao seu aluno maneiras de adotar a coluna neutra ideal, nem que ele demore a desenvolver essa postura. Através disso conseguimos prevenir lesões e até tratá-las.